13 de ago. de 2012


BECO DA HISTÓRIA
VIRGULINO FERREIRA DA SILVA – O LAMPIÃO









Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1897/1938), nasceu em Serra Talhada, no sertão pernambucano. Foi vaqueiro e artesão. Aos 21 anos, viu seu pai, José Ferreira da Silva, ser morto por policiais, fazendo com que ele jurasse vingança. Por volta de 1920, alistou-se no bando do cangaceiro Sinhô Pereira. Após alguns anos, tornou-se comandante do bando. Lampião roubava comerciantes e fazendeiros, sempre distribuindo parte de seus saques para a população pobre da região. Sua fama e vida de crimes o levaram a ser o criminoso mais procurado do país. Há relatos de que Lampião e seu bando foram homens de extrema violência, seqüestravam crianças, ateavam fogo em fazendas, exterminavam rebanhos, estupravam, marcavam rostos com ferro quente, entre outros. Uma das histórias que envolvem a lenda foi o fato dele ter obrigado um de seus próprios homens a comer um quilo de sal antes de fuzilá-lo. Tais atos ou lendas lhe renderam o apelido de “O Rei do Cangaço”.




O bando de cangaceiros





Em 1926, quando se encontrava no estado do Ceará, devido à sua comprovada fama de estrategista, foi convidado pelo próprio Padre Cícero a combater a Coluna Prestes, marcha de militares rebelados. Em troca, Lampião receberia a anistia do governo e o posto de Capitão dos Batalhões Patrióticos, que combatiam os revolucionários da Coluna. Durante sua investida contra a Coluna Prestes, ao chegar ao estado do Pernambuco, foi novamente perseguido pelas volantes (polícia), fato que o fez perceber que nem a anistia e nem a patente eram reais e o fez voltar ao banditismo, passando a atuar nos estados da Paraíba, Pernambuco e Ceará. Durante uma de suas inúmeras fugas, atravessou o Rio São Francisco e, após reestruturar seu bando no estado da Bahia, passou a agir também em Sergipe e Alagoas.




Lampião e Maria Bonita




Por volta de 1930/1931, conheceu Maria Déia, que apaixonada por ele, se juntou ao cangaço e ficou conhecida como Maria Bonita. Após isso, várias outras mulheres se juntaram ao bando de cangaceiros. Com Maria Bonita, Lampião teve uma filha chamada Expedita Maria Bonita. Na manhã do dia 28/07/1938, enquanto se preparavam para levantar, Lampião, seus homens e as mulheres que os acompanhavam foram mortos em uma emboscada preparada pelos policiais do Tenente João Bezerra. A volante alagoana, composta por 48 policiais, chegou de surpresa e liquidou os cangaceiros sem maiores dificuldades, pegando-os totalmente desprevenidos. Lampião estava acampado na Fazenda Angicos, situada em Sergipe e considerada por ele um local de total segurança. Até hoje não se sabe ao certo quem o traiu.





A macabra exposição dos restos mortais do cangaceiro e parte do seu bando




Lampião, Maria Bonita (que ainda estava viva) e mais nove cangaceiros tiveram suas cabeças decepadas e expostas em vários locais do país. Na cidade de Piranhas foram fotografadas juntamente com as armas e apetrechos dos cangaceiros. Seguiram para Maceió, Sul do Brasil e finalmente Salvador, na Bahia, onde ficaram expostas no Museu Nina Rodrigues por mais de três décadas. O cangaço teve seu fim no ano de 1940, após a morte de Corisco – o diabo loiro, que também teve sua cabeça exposta no referido museu em Salvador.Durante muitos anos, as famílias de Lampião, de Maria bonita e de Corisco lutaram para sepultar seus restos mortais. O enterro somente aconteceu depois do Projeto Lei nº 2867, de 24/05/1965 e das pressões do povo brasileiro. As cabeças de Virgulino e de Maria Bonita foram finalmente sepultadas em 06/02/1969. Os demais tiveram seus enterros uma semana depois.




Obra de Angela Oskar - papel machê - 60 cm




Algumas lendas explicam seu apelido, como por exemplo, o fato do cano de seu rifle, ao ser utilizado, lembrar a luz de um lampião, ou ainda, dele ter iluminado um determinado ambiente a tiros para que um de seus companheiros localizasse um cigarro perdido. Todos os integrantes do bando de Lampião possuíam apelidos curiosos, tais como Meia Noite, Carcará, Quinta-Feira, Mergulhão, Cajarana, Diferente, Cabeleira, Lamparina, Arvoredo, Moita-Brava, Candeeiro e Seca Preta, além de Corisco – o diabo loiro.
Lampião é considerado por muitos como um bandido sanguinário e por muitos outros como um verdadeiro herói. Fato é que acontecimentos, mitos e lendas que envolvem sua história e a de seu bando fazem dele parte importante da nossa rica cultura.

  

Marcelo

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