10 de jan. de 2016

BECO DA HISTÓRIA
OS SUBTERRÂNEOS DE EDIMBURGO
 
 
 
Edimburgo, capital da Escócia, é um dos pontos turísticos mais famosos do Reino Unido.  No final do século XVIII era uma cidade em expansão e duas importantes pontes foram construídas para facilitar seu crescimento. Uma delas, a South Bridge, finalizada em 1785, possuía 19 grandes arcos em pedra e parte de suas fundações formava um extenso labirinto de câmaras e túneis subterrâneos. A região da ponte tornou-se um importante centro comercial e suas catacumbas passaram a ser utilizadas como oficinas, cofres e depósitos pelos comerciantes. Contudo, as fundações da ponte apresentavam uma infiltração incontrolável e logo as câmaras foram abandonadas. Começava, então, um novo capítulo na história da ponte: seus túneis transformaram-se em abrigo para andarilhos, imigrantes desempregados, vagabundos, ladrões, prostitutas e jogadores, transformando-se num verdadeiro cortiço, mal iluminado ou totalmente escuro, úmido e fétido. As condições eram absolutamente desumanas: não havia água, saneamento, luz natural ou ar puro, além do frio intenso.
 
Esquema que mostra a estrutura da ponte




Os assassinos de South Bridge 
 
 
Mesmo nessas condições, a população nos subterrâneos era consideravelmente grande, assim como a taxa de mortalidade. Se tais condições não bastassem, crimes começaram a ocorrer nos subterrâneos da ponte. Naquele período, era comum restos mortais de indigentes e desafortunados servirem para o estudo da medicina e logo o tráfico de corpos se instalou em South Bridge. Traficantes utilizavam suas catacumbas para esconder corpos roubados do cemitério próximo e assassinos em série vitimavam moradores da ponte com a finalidade de os venderem para cirurgiões e estudantes locais. O caso mais famoso de tais atrocidades envolveu os irlandeses William Burke e William Hare, acusados de assassinarem 16 pessoas (a grande maioria mulheres) e venderem seus corpos para o médico Robert Knox que os utilizavam como material para dissecação em suas palestras. A onda de assassinatos de Burke e Hare durou cerca de dez meses.
 




O esqueleto e a máscara  mortuária de William Burke
 
 
Após a prisão dos assassinos, as provas dos crimes se mostraram frágeis em relação a Hare, que foi expulso de Edimburgo em 1829, sendo avistado pela última vez na Grã-Bretanha. Já William Burke foi condenado à morte e enforcado em 28 de janeiro de 1829, em frente a uma multidão de 25 mil pessoas, aproximadamente. Seu corpo foi dissecado publicamente e hoje seu esqueleto e sua máscara mortuária estão expostos no Museu de Anatomia da Faculdade de Medicina de Edimburgo. Não se sabe ao certo quando o complexo de catacumbas foi fechado, estima-se que teria sido entre 1835 e 1875. Em alguns pontos foram despejadas toneladas de entulhos e cascalhos, tornando-os inacessíveis. Somente a partir de 1988 as catacumbas tornaram-se parte do itinerário turístico da cidade, hoje visitadas não só por interessados na história do local, mas também por espiritualistas à procura de fantasmas daquele período.

 

 



Marcelo

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