BECO DA HISTÓRIA
A CRIAÇÃO DO JOGO DO BICHO
O famoso “Jogo do Bicho” foi criado em 1892 pelo barão
João Batista Viana Drummond, fundador do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. No
início, a intenção por trás da ideia era nobre: o barão desejava atrair um
número maior de visitantes e compensar a perda financeira havida com o fim da
ajuda prestada pelo Imperador. Para alimentar a fauna, Drummond mandou imprimir
a figura de vinte e cinco bichos nos ingressos do zoológico. No final da tarde
de cada dia sorteava um animal e os donos da figura sorteada recebiam vinte
vezes o valor do ingresso (ou vinte mil réis).
Barão João Batista Drummond |
Bilhete de entrada do Zoológico de Santa Isabel, com o qual se fazia o jogo do bicho. Reprodução fotográfica MIS |
No início, todo visitante
concorria com apenas um bilhete, mas a partir de 1894, cada apostador podia
comprar quantos bilhetes quisesse. Daquele ano em diante, o jogo do bicho
deixou de ser um simples sorteio e se transformou em jogo de azar. Para
combater as apostas, que se tornaram mania em toda a cidade, a Prefeitura
impediu o sorteio, contudo, tal atitude fortaleceu ainda mais a jogatina, que
se mantem até os dias atuais, criminalizada em 1946. Mesmo com a proibição, o barão Drummond trabalhou
com o jogo do bicho até a sua morte, em 1897.
Cartaz de 1920: o jogo ainda não era crime |
"A
empresa do Jardim Zoológico realizou ontem um magnífico passeio campestre ao
seu importante estabelecimento, situado no pitoresco bairro de Vila Isabel... faz
honra ao seu fundador, a empresa organizou um prêmio diário que consiste em
tirar à sorte dentre 25 animais do Jardim Zoológico o nome de um, que será
encerrado em uma caixa de madeira às 7 horas da manhã e aberto às 5 horas da
tarde, para ser exposto ao público. Cada portador de entrada com bilhete que
tiver o animal figurado tem o prêmio de 20$. Realizou-se ontem o 1º sorteio,
recaindo o prêmio no Avestruz, que deu uma recheiada poule de 460$000...Às 9
horas voltaram os convidados, pessoas de alta distinção, penhorados todos à
gentileza do sr. barão de Drummond e seus dignos auxiliares. Foi uma festa
esplêndida."
Trechos do Jornal do Brasil, 4 de julho de 1892.
Marcelo