4 de mai. de 2012


LITERATURA














  
 sinais de um tempo tosco


a memória
agora privada da excelência estudantil
desfaz-se e não cessa
de encher-se
na fumaça insistente desse
cigarro multinacional
na tela mentirosa
do canal bobo
nas passadas urgentes
dentro dos labirintos
da cidade demente
vê pai imposto
babá
de um filho morto
no ocaso de um dia andante
o assassino certo
é negado pelo legista comprado
nas brechas da lei
antes do galo na madrugada
estou fervendo
meus miolos no  caldeirão
do domingão farto de faltas
os materiais da vida tronco
não doados
a ampulheta da sobrevida negada
minhas gestações desumbilicadas
zumbizam o dia por ai
acompanhando a malta
cães de guarda da tolice
nem sabem
que a babaquice
rodeia a barca da esperança
minha carona chega
sebo nas canelas

Wilson de Souza
 

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