8 de ago. de 2013

LITERATURA




















QUASE

Esse quase constante
Deprime,
Mata perspectivas,
Coloca objetivos
À deriva,
Corrói o orgulho,
Muda o sentido do otimismo,
Força a consciência
De que o certo
Nem sempre é ser bom,
E que a sorte
Nunca segue caminho reto.
O caráter,
Figura de retórica,
É lembrado na hipocrisia
E a filosofia
Não permite o riso,
Assim como as contas
Não são pagas
Pela ideologia.
O distraído acha o tesouro
Sem mapa
E o tolo quase sempre
Sente o êxtase do prazer
Enquanto o consciente
Tropeça nas palavras
E é obrigado a questionar
Suas certezas.
As coincidências
Não ajudam os justos
E as sinas, invenções religiosas,
Maquiam o azar
O quase
Sempre à margem do tempo
Insiste em estampar frustrações
E mostrar egos em espelhos
Que não refletem
A vontade da carne
Os tiros pela culatra
Ecoam pelas almas
E as frustrações se multiplicam
Enquanto a vida segue.
O caminho entre muros
Não tem retorno
E a verdade reflete o erro.
Quando dá tempo de cansar
Muda-se o lado
Mas sé já for tarde
Cai-se no anonimato
Recolocar as pedras no tabuleiro
É necessário
Mas a vida não é um jogo
Quando foi ver,
O tempo já passou
E nem a esperança da volta
Justifica o que se perdeu.

ZÉ VICENTE

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