28 de fev. de 2012




LITERATURA





VENDENDO

ei,
cês lembram aquele cão sarnento
aquele bêbado sem voz
sem trilhas de si
cansou de cair

aquele sabedor do mundo
desistiu de ensinar

um  que era
de amigos parentes e aderentes
é anti-social

um inventor
de horas alegres
nos dias fornos demais
fechou os dentes

não se oferece
nem é carente
está ausente
não faz coro com os contentes

está sóbrio
nesta loucura certa
só come se faminto é

a solidão não lhe assusta
pois sabe
que o lugar comum lhe cerca

não se mete a besta
nem tá dando murro
em ponta de faca
nem vira a bunda
pra sola da sua bota

golfa no óbvio do mundo
é o mesmo vagabundo
agora sem pai
no mais
sabe o que é silêncio
e cio
que a traição é um vício
e o início
quase sempre é absurdo

Wilson de Souza

Um comentário:

Márcio Silva disse...

Belo texto...