LITERATURA
VENDENDO
ei,
cês lembram aquele cão sarnento
aquele bêbado sem voz
sem trilhas de si
cansou de cair
aquele sabedor do mundo
desistiu de ensinar
um que era
de amigos parentes e aderentes
é anti-social
um inventor
de horas alegres
nos dias fornos demais
fechou os dentes
não se oferece
nem é carente
está ausente
não faz coro com os contentes
está sóbrio
nesta loucura certa
só come se faminto é
a solidão não lhe assusta
pois sabe
que o lugar comum lhe cerca
não se mete a besta
nem tá dando murro
em ponta de faca
nem vira a bunda
pra sola da sua bota
golfa no óbvio do mundo
é o mesmo vagabundo
agora sem pai
no mais
sabe o que é silêncio
e cio
que a traição é um vício
e o início
quase sempre é absurdo
Um comentário:
Belo texto...
Postar um comentário