30 de mai. de 2012


FORA DE ORDEM


ALADDIN SANE – DAVID BOWIE









Tenho que ser muito breve pra falar desse cara, pois sua biografia é muito extensa e fascinante. Eu, inclusive, aconselho a quem quiser entender bem sua carreira, que pesquise a sua longa trajetória que começou em 1969 e que ainda não terminou. Estou me referindo a David Robert Jones, nascido em Brixton, Londres em 1947 e que se eternizou mundialmente com o nome de David Bowie. Chamado por muitos de camaleão, dada as suas constantes mudanças de visual, David não é apenas um cantor de rock, mas um grande músico, compositor, produtor musical e ator e uma das figuras mais influentes na história do rock mundial. Gravou seu primeiro disco em 1969 e já nesse trabalho chamou a atenção pelas suas composições revolucionárias em relação ao que rolava no rock da época, entrando inclusive em listas de singles do Reino Unido. David passeou por vários estilos musicais entre o rock e o soul, sempre com a qualidade de um músico exigente e atingiu o sucesso em tudo que fez. De seus vinte e tantos discos, vou indicar aqui, o sexto que foi lançado no ano de 1973 chamado Aladdin Sane, disco que abriu as portas do mundo para esse artista complexo e revolucionário, Esse disco tem os ingredientes certos para chamar a atenção de quem ouve e ao final leva qualquer um a ser mais um admirador desse cara que mudou o rumo não só da música como do comportamento jovem, principalmente nos anos setenta e oitenta. Depois de ouvir Aladdin Sane, o bom observador tomará consciência da quantidade de grupos e cantores espalhados por aí, que sofreram influência direta desse ícone do rock de todos os tempos. Aproveite. Tem um link à disposição. Se quiser discutir, tem espaço também para comentar. Por enquanto é só.


Zé Vicente







FORA DE ORDEM


NINGUÉM – ARNALDO ANTUNES



















  




Quando eu vi o Arnaldo Antunes pela primeira vez cantando no grupo Titãs no Sesc Pompéia em São Paulo em meados dos anos oitenta, já me chamou atenção seu estilo totalmente diferente dos demais integrantes. O Arnaldo não tinha aquela imagem tradicional do rockeiro. Usava cabelo bem aparado, barba bem feita e roupa alinhada. Nada de jeans ou couro. E seu modo de cantar soava diferente. Anos depois, com o sucesso dos Titãs é que fui pesquisar mais a respeito de seus integrantes e esse cantor se destacou pela sua formação acadêmica, que teoricamente não combinava com o rock and roll. Só que, surpreendentemente, com o passar do tempo se percebeu que o Arnaldo Antunes era uma das principais figuras não só dos Titãs, mas do rock brasileiro em geral dos anos oitenta e noventa, até os dias atuais. Esse paulista que hoje está com 52 anos estudou letras, o que o ajudou muito em suas composições, e ainda se aventurou em outras atividades multimídia com tanta propriedade que mesmo depois de deixar o grupo Titãs em 1992, não perdeu seu prestígio tanto na mídia  quanto em sua relação com os fãs. Arnaldo entre trabalhos de literatura e cinema, lançou dez discos solo e mais alguns ao vivo ou em parcerias. Dentre esses, vou indicar nesta seção  um que acho importante chamado Ninguém. Lançado em 1995, é o seu segundo disco solo e talvez o de mais sucesso. Eu indico porque acho que é um disco pra se ouvir inteiro. Bem executado, teve a participação de Edgar Scandurra para ficar melhor ainda. Quem quiser saber mais do Arnaldo, deve pesquisar o Grupo Titãs e sua biografia pessoal. Tenho certeza que quem fizer isso vai se surpreender com a qualidade e a capacidade desse grande artista brasileiro. Por enquanto, vamos curtir o Ninguém. Se você ainda não tem, use o link abaixo e se quiser pode comentar.

Zé Vicente


http://downloadmusicasmp3.org/baixar-cd-arnaldo-antunes-%E2%80%93-ninguem-1995


LITERATURA























Clarice (2)

Chorei por entender o teu apego
de silencioso leão marinho
sentado na boca da noite
sonhando com o seu aviãozinho
vivendo uma vida de agruras
por onde também tem espinho.

Sentí as palavras pesadas
como pedras jogadas no vento algoz
que leva e traz a menina luz
que tão bem se porta entre vós
quando chega é uma gata angorá
quando vai é uma estrela veloz.

Fiquei bem por saber a façanha
dessa estrela que tece o escuro
que dá voltas pelo firmamento
mas que não se perdeu no monturo
e que traz o saudoso conforto
ao colo onde alimenta o futuro.

Mas nem tudo está perdido
o mugido do velho leo é forte
no seu pulso ainda tem a mesma ira
das borrachadas que lhe fizeram corte
e denso, tenso, olha ludicamente bravio
consola pra suportar santa sorte.

Sacha Arcanjo

                                                                                                                                                                                                                                                                                             

22 de mai. de 2012

HAPPY BIRTHDAY MOZ!





E pra não passar em branco, uma caricatura em homenagem a Steven Patrick Morrissey, aniversariante do dia (22/05/1959) e unanimidade entre os atuais e antigos redatores desse blog!


Marcelo

ESSA É DE LASCAR!
  
A notícia abaixo foi veiculada no site whiplash.net. Uma vez Axl Rose, sempre Axl Rose! Se pelo menos o Guns N' Roses ainda fosse o Guns N' Roses...




"Axl Rose dessa vez se superou em pedidos digamos que "estranhos": para a atual turnê da banda pelo Reino Unido o vocalista exigiu que melancias quadradas estivessem disponíveis em seu camarim. Segundo o portal TVZ (Multishow) a assessoria de Axl disse que o alimento é de extrema importância e não pode ser ignorado. Vale ressaltar que a fruta é desenvolvida  nesse formato artificialmente no Japão, para facilitar o armazenamento e transporte, custa quase o triplo de uma melancia normal, e tem exatamente o mesmo sabor."


Marcelo
CARTOONS, CHARGES & AFINS






Marcelo


21 de mai. de 2012


NOTA








Faleceu neste domingo (20/05), Robin Gibb, ex-Bee Gees, aos 62 anos, após uma longa batalha contra um câncer no cólon. No site oficial do cantor britânico foi postado o seguinte comunicado:
 
 
“A família de Robin Gibb anuncia com grande tristeza que Robin morreu hoje após uma longa batalha com o câncer e uma cirurgia intestinal. A família pede que sua privacidade seja respeitada neste período difícil”.







Marcelo

20 de mai. de 2012



FORA DE ORDEM


PICTURES AT ELEVEN – ROBERT PLANT


                                                            




















Considerado pela maioria como o melhor vocalista de rock de todos os tempos, Sir Robert Anthony Plant está em plena atividade até os dias atuais lançando discos e ganhando novos fãs pelo mundo afora. Quem vai discutir? Quem vai contestar? Fica difícl não concordar, afinal esse grande cantor e compositor dividiu com Jimmy Page a liderança de um dos maiores grupos de rock da história, o Led Zeppelin, desde 1968. Robert Plant trouxe para o rock um novo modo de cantar e agir. Nos discos, sua voz aguda e afinada, quase um instrumento, influenciou um sem número de outros vocalistas ao redor do mundo. Nos palcos, uma nova maneira de cantar. Ao invés de ficar comportado atrás do microfone, Plant, pelo contrário não ficava parado e com danças e gestos sensuais quase levava a platéia à loucura. Isso sem contar em sua aparência pessoal que o favoreceu muito. Alto, louro e de corpo esguio, ele tinha tudo que se esperava de um símbolo sexual, que aliado à sua grande potência vocal o levou a ser considerado como o melhor. Hoje com 63 anos, Robert Plant já conquistou tudo que se deseja no mundo da música e com se não bastasse, ainda foi agraciado pela rainha da Inglaterra com o título de Comandante do Império Britânico, em 2008. Eu tinha que indicar um disco desse grande artista, para mostrar que ele não foi apenas o vocalista do Led Zeppelin. Então, estou indicando Pictures At Eleven, de 1982, justamente o primeiro disco solo, gravado logo após o término do Led, provocado pela morte de seu baterista. Esse primeiro dentre os outros quinze que Plant gravou, ainda lembra um pouco as música do grupo, mas já se nota um toque mais pessoal do cantor, que viria aumentar nos trabalhos posteriores. É um disco de belas músicas e belos arranjos e tem ainda um Plant afinadíssimo. Deve ser ouvido de ponta a ponta, Sei que nem precisava esticar tanto o comentário, mas, na condição de fã, não consegui ser mais breve. Então vá ao que interessa. Se tem o disco, ouça com mais atenção. Se não tem pegue o link e se quiser comente. É isso.




Zé Vicente


http://www.filestube.com/dgGxqWComXIaCGUKVoEh1R/robert-plant-pictures-at-eleven.html




FORA E ORDEM


ALUCINAÇÃO – BELCHIOR






















Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes é o nome completo desse cearense nascido na cidade de Sobral em outubro de 1946 que ficou conhecido em todo Brasil apenas por Belchior. Formado em filosofia, nasceu em família de músicos e logo cedo estudou canto e piano enquanto cantava repente nas feiras de sua cidade. Em meado dos anos sessenta mudou-se para Fortaleza onde começou a participar de festivais de música e conheceu outros compositores e músicos. No início dos anos setenta depois de ter uma música sua em parceria com Fagner gravada por Elis Regina, lançou dois compactos e um LP que passaram quase despercebidos, mas em 1976 teve início de fato a carreira desse artista. Foi nesse ano que ele lançou o disco que aquí indico. Alucinação. Segundo LP, e considerado até hoje como um dos melhores discos de musica brasileira em todos os tempos. Tanto ficou marcado esse disco, que ficou difícil manter o nível e o cantor jamais conseguiu outro que pudesse ser comparado a esse Alucinação. É um disco bom de cabo a rabo com temas atuais e ainda teve mais uma música gravada por Elis Regina, que fez com fosse aumentada a atenção sobre ele, dado o grande sucesso que a musica atingiu. De som pesado e letras complexas, vale a pena conferir. Belchior tem um extenso trabalho até os dias de hoje, mas aí já entra a curiosidade que quem quiser conhecê-lo melhor. Tem um link abaixo e um espaço para comentários.


Zé Vicente

http://www.4shared.com/file/vPvzZQgJ/Belchior_-_Disco_Alucinao_-_19.html
 
LITERATURA























Clarice


de tão imprevista e inconstante
clarice é assim uma espécie
de noturno e bissexto cometa
que só raramente aparece
seu destino é vagar errante
explorando a solidão dos planetas
e a dor das galáxias distantes
onde assombra as noites escuras
com seu facho de fogo brilhante

de tão regular e itinerante
com clarice às vêzes acontece
de perder a certeza do chão
e querer em meu colo repousar
meu obediente colo de cão
mas é só por um breve instante
assim como chega sem avisar
de novo ela logo desaparece
num vôo luminoso e inquietante

de tão bipolar e mutante
calrice não consegue suportar
padrões, processos ou rotinas
nem pertencer a um só lugar
sua maldição é vagar constante
condenada a seguir e nunca ficar
somente dos partos das estrelas
e das fomes dos buracos negros
seus olhos sabem se alimentar

akira yamasaki

18 de mai. de 2012


VALE LEMBRAR
IAN CURTIS
 
 




No dia 18/05/1980, Ian Curtis, poeta e vocalista da banda Joy Division cometeu suicídio por enforcamento. Ele tinha apenas 23 anos e deixou um legado de enorme importância para a história da música. Problemático, Curtis demonstrou ao longo de sua breve carreira muito de sua insatisfação através de suas excelentes composições, que seguem cultuadas mesmo depois de mais de três décadas de sua morte.
 

Marcelo

16 de mai. de 2012


GALERIA DAS ARTES



 
Tarsila do Amaral, Morro da Favela, 1924, óleo sobre tela, 64 x 76 cm, coleção particular.



Marcelo

CARTOONS, CHARGES & AFINS

O cartunista Mr. Fish, autor do desenho abaixo, afir­mou em entre­vista sua intenção de provocar as pessoas que votaram pelo banimento do casamento gay no estado ame­ri­cano da Carolina do Norte, além que querer evidenciar a hipocrisia dos que utilizam a Bíblia para justificar atitudes preconceituosas. O dese­nho é cla­ra­mente pro­vo­ca­tivo e mos­tra Jesus Cristo em um rela­ci­o­na­mento com o ex-líder do Queen, Freddie Mercury.





Tradução: "Cansado de assistir a humanidade ignorar a sua mensagem simples de amor e tolerância e aceitação, Jesus decide que seu casamento com Freddie é tudo com que Ele se importa agora e que nunca retornará para a Terra porque as pessoas são estúpidas demais para entender qualquer coisa que Ele venha a dizer a elas."


Marcelo (sempre a favor de que a arte suscite qualquer tipo de discussão, porém contrário a qualquer tipo de exagero) 
+1 VIDEO
RONNIE JAMES DIO (10/07/1942 - 16/05/2010) - RAINBOW IN THE DARK






Marcelo

15 de mai. de 2012


ARQUIVO X

  


  

Bruce Dickinson (Iron Maiden) e Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso) fotografados em janeiro de 2001, antes da participação dos ingleses no Rock In Rio III. Segundo relatos, os músicos pilotaram o mesmo ultraleve que dias depois vitimou Herbert e sua esposa em Mangaratiba – RJ.
 

Marcelo

5 de mai. de 2012

NOTA





Faleceu ontem, 04/05, aos 47 anos o músico Adam Yauch, membro fundador do grupo Beastie Boys, vítima de um câncer em uma glândula salivar. Mesmo não sendo um seguidor da carreira dos caras, difícil negar a importância do trio. Fica aqui uma simples homenagem.




Marcelo

4 de mai. de 2012



FORA DE ORDEM

MOVING PICTURES  -  RUSH
                                                        

 
             






Quando a história do artista ao qual vou me referir é muito longa eu prefiro não entrar muito em detalhes. É o caso desse disco que vou sugerir aqui nesta postagem. O disco é o Moving Pictures e o grupo chama-se simplesmente, Rush. Mas o resumo torna-se até fácil devido às pouquíssimas alterações que esse trio de Toronto, Canadá, sofreu em seus trinta e poucos anos de carreira, ou seja: Quando iniciou suas atividades, em 1968, os integrantes eram outros. O baixista e vocalista chamava-se Jeff Jones e o Baterista era John Rutsey. O primeiro nem chegou a participar de disco. Saiu cedo e por muitos nem é considerado integrante. O segundo foi substituído logo após o lançamento do primeiro disco e por motivos de saúde, nem iniciou a primeira turnê do trio. Sendo assim, o Rush de fato é Geddy Lee, cantor, tecladista e baixista, Alex Lifeson, Guitarrista e Neil Peart, baterista e letrista, de 1975 até os dias atuais. O trio se destaca pela altissima qualidade de seus músicos. Os três são virtuosos e juntos conseguiram uma sonoridade única dentro do rock, que aliada às suas letras místicas, filosóficas e espaciais, fazem deste, um dos melhores grupos de rock de todos os tempos. Discos bons são vários. Tem os progressivos, tem os mais pesados, os mais conceituais, melodiosos, etc. Todos com qualidade sonora indiscutível, então escolhí um ao acaso. O Moving Pictures é um disco que sintetiza um pouco esses estilos. É pesado, melodioso, meio autoral, tem boas letras e é muito gostoso de ouvir desde que foi lançado em 1981 até hoje. O disco não fica velho. É pra se ouvir de cabo a rabo e ter vontade de repetir. E é apenas o oitavo disco dos vinte de estúdio do trio. Tem ainda os discos ao vivo que tem suma importância pois são todos executados na íntegra apenas por seus integrantes. Não usam backing vocals, convidados ou overdubs; Não usam porque não precisam. O Rush sempre executou suas obras ao vivo respeitando ao máximo a composição original. Já estou me estendendo, sem perceber. Baixem o disco e escutem. De repente quem ouvir me dá razão. Pode comentar.

 

Zé Vicente


http://www.4shared.com/rar/wlDiyiqc/Rush_-_1981_-_Moving_Pictures.html




FORA DE ORDEM

PARTIDEIRO DA PESADA – BEZERRA DA SILVA
























 
Faço aqui, com muito orgulho, a indicação de um disco desse pernambucano chamado José Bezerra da Silva, a quem sempre admirei pela honestidade que o acompanhou em seus trinta anos de carreira, que ficou registrada em quase trinta discos, dos quais alguns se tornaram verdadeiros clássicos do samba de raiz. Bezerra da Silva nasceu em Recife no ano de 1927 e ainda rapaz mudou-se para o Rio de Janeiro, onde sofreu muito pra sobreviver, tendo inclusive morado na rua por muitos anos até encontrar abrigo no Morro do Cantagalo, onde teve os primeiros contatos com o samba, trabalhando como pintor. Participou de blocos de carnaval e como tinha veia artística resolveu tentar ser cantor de samba, apesar de ser nordestino, coisa que na época não combinava. Nos primeiros cinco anos, passou quase despercebido. Gravou seu primeiro disco em 1975. Mas a partir de década de oitenta passaram a prestar mais atenção àquelas músicas que falavam do dia a dia dos morros, da malandragem, das drogas entre outras coisas peculiares à vida das favelas cariocas, ditas de uma maneira natural e direta que podia ser entendida por qualquer pessoa que as ouvisse. Bezerra passou a receber composições de anônimos que retratavam nada mais que a realidade daquele povo que o rodeava. Sempre prezou muito a lealdade e condenava visceralmente a chamada caguetagem, que rola muito onde se cruzam polícia e bandido, tendo mencionado esse tema em várias músicas. Bezerra nunca privilegiou um ou outro, coisa que o tornou muito respeitado por ambos os lados não só no Rio de Janeiro como em todo Brasil. O disco que indico Chama-se Partideiro da Pesada e foi lançado em 1991, sendo seu décimo sétimo trabalho em vinil, na época.
Esse disco é recheado de clássicos e mesmo quem não gosta desse tipo de samba, chamado popular, acaba se interessando já na primeira música. É samba muito honesto e por incrível que pareça, de boa qualidade. Eu, que também escuto e gosto do samba mais bem elaborado, tive que me render à simplicidade e carisma desse sambista único que infelizmente nos deixou no ano de 2005 aos setenta e sete anos de idade. Fica hoje pro Bezerra, as homenagens de vários artistas brasileiros que regravam seus trabalhos e um grande acervo de discos para serem explorados pelas gerações futuras que se interessem pela crônica da realidade do nosso país. Tem um link abaixo. Baixe, ouça e opine, se quiser.


Zé Vicente


http://www.4shared.com/rar/c-x3t3t0/Bezerra_da_Silva_-_1991_-_Part.html





LITERATURA














  
 sinais de um tempo tosco


a memória
agora privada da excelência estudantil
desfaz-se e não cessa
de encher-se
na fumaça insistente desse
cigarro multinacional
na tela mentirosa
do canal bobo
nas passadas urgentes
dentro dos labirintos
da cidade demente
vê pai imposto
babá
de um filho morto
no ocaso de um dia andante
o assassino certo
é negado pelo legista comprado
nas brechas da lei
antes do galo na madrugada
estou fervendo
meus miolos no  caldeirão
do domingão farto de faltas
os materiais da vida tronco
não doados
a ampulheta da sobrevida negada
minhas gestações desumbilicadas
zumbizam o dia por ai
acompanhando a malta
cães de guarda da tolice
nem sabem
que a babaquice
rodeia a barca da esperança
minha carona chega
sebo nas canelas

Wilson de Souza
 

2 de mai. de 2012


OPINIÃO


Fatos curiosos e contraditórios acontecem, e às vezes passam despercebidos. Vou dar exemplo de um que tá passando batido. Não por mim.
“Bob Dylan se apresenta no Brasil”. Normal. Normal pra quem o acompanha desde o começo dos anos sessenta e conhece a maioria de seus discos que não são poucos. Mas pra chamada “galerinha” que acha muito legal ser fã desse cantor, isso é o máximo. Não importa que ele vá fazer 71 anos nesse mês. Tem fã novo disposto a pagar qualquer preço pra não perder o show dessa lenda viva e depois não correr o risco ser alvo de discriminação dos colegas por ter ficado de fora desse acontecimento ímpar.







“Buddy Guy irá se apresentar em terras tupiniquins”. Absolutamente normal. Já passaram por nosso país uma incontável quantidade de artistas ligados ao blues desde muitas décadas atrás e na platéia se encontravam habitualmente, admiradores desse estilo musical quase centenário. Mas Buddy Guy não é normal. Esse guitarrista e cantor de 76 anos é imperdível mesmo que não se conheça um disco inteiro dos mais de trinta que ele gravou. O que interessa é que ser “blueseiro” e fã desse velho negro americano é um dos baratos do momento. A molecada vai se misturar aos velhinhos curtidores de blues que querem conhecer esse artista pessoalmente depois de ter ouvido seu longo trabalho disco a disco desde o início dos anos sessenta e depois vai contar pra todo mundo.







E se o Neil Young, esse cara de 67 anos, vier se apresentar aqui esse ano? Na certa haverá um colapso. Afinal, trata-se de um ídolo que  já extrapolou o status de lenda. O que será que vem depois de “lenda”? Tem que se pensar numa denominação mais nova. Lenda já é palavra em desuso. O fã de plantão não pode nem pensar em perder um show desses.
Na realidade, o que acontece de fato, é que faltam ídolos novos e vivos que se apresentem em nosso país e que atraiam a essa juventude carente, e também a esses velhos chamados dinossauros que curtem o country, o rock e o blues para que esses dêem descanso aos Bob Dylans, Buddy Guys e Neil Youngs  e coloquem gente nova na condição de ídolos de verdade, não fabricados.








Aí chegamos à questão fundamental desse texto. Uma grande parte desses jovens, fãs “incondicionais” dessas lendas, não se sentem à vontade quando tem que ficar lado a lado com os velhos enrugados, carecas ou grisalhos, verdadeiros apreciadores desse tipo de artista, e como se não bastasse, ainda acham divertido ridicularizar esses verdadeiros fãs, pessoas que ajudaram muito na manutenção do sucesso desses ídolos, dando sustentação para que eles se mantivessem na ativa até os dias de hoje e dessem a chance de serem conhecidos e apreciados por essa mesma juventude que se acha esperta e que muitas vezes contraria a proposta daqueles a quem se declaram fãs incondicionais e em atitudes contraditórias se tornam discriminadores e racistas, e o que é pior, O fazem sem perceber. Isso me preocupa e me deixa triste e decepcionado. Bom show pra vocês, rapaziada.




(É claro que você não está incluído nesse contexto)


Zé Vicente 02.05.2012