LITERATURA
Clarice (2)
Chorei por entender o teu apego
de silencioso leão marinho
sentado na boca da noite
sonhando com o seu aviãozinho
vivendo uma vida de agruras
por onde também tem espinho.
Sentí as palavras pesadas
como pedras jogadas no vento algoz
que leva e traz a menina luz
que tão bem se porta entre vós
quando chega é uma gata angorá
quando vai é uma estrela veloz.
Fiquei bem por saber a façanha
dessa estrela que tece o escuro
que dá voltas pelo firmamento
mas que não se perdeu no monturo
e que traz o saudoso conforto
ao colo onde alimenta o futuro.
Mas nem tudo está perdido
o mugido do velho leo é forte
no seu pulso ainda tem a mesma ira
das borrachadas que lhe fizeram corte
e denso, tenso, olha ludicamente bravio
consola pra suportar santa sorte.
Sacha Arcanjo
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