FORA DE ORDEM
SHEIK YERBOUTI – FRANK
ZAPPA
Estou fazendo hoje
uma postagem diferente nesta seção. Vão acontecer aqui algumas coincidências
interessantes tanto referentes aos discos quanto em relação aos artistas que
estou indicando agora. Antes de tudo, é bom lembrar que existe a possibilidade,
segundo algumas escritas antigas, de o mundo acabar no dia 21 de dezembro de
2012.
Uma coincidência é
que Frank Vincent Zappa, o primeiro indicado, nasceu nesse dia no ano de 1940
em Baltmore, Estados Unidos da América. Terei que ser breve pra falar desse que
gênio do século XX. Frank Zappa não foi apenas um músico qualquer. Foi um
grande agitador cultural, excelente produtor e diretor e não só de discos,
instrumentista de qualidade apurada, além de lutador incansável pelos direitos
de liberdade religiosa, de expressão, de censura, conhecimentos e outros
direitos humanos, coisas que sempre estiveram presentes em seus discos em seus
quase trinta anos de carreira. Zappa, vivo, fez quase 60 discos, muitos deles duplos
ou triplos e em sua quase totalidade, produzidos e dirigidos por ele próprio, o
que permitiu uma liberdade de criação conseguida por poucos na história da
música. Somados aos discos póstumos, porém de material inédito, discos gravados
ao vivo e compilações, sua discografia passa muito dos 100 volumes e nenhum
disco traz semelhança com outro, Cada um tem seu estilo e sua sonoridade
própria. Pesquisando essa discografia o ouvinte e curioso irá encontrar música
dos mais diversos seguimentos. Por ser formado em regência, Frank Zappa lançou
discos de música clássica contemporânea e fusões com o jazz e com o rock. Fã de
Edgard Varèse, grande musico de vanguarda que sempre valorizou a linha
percussiva e também do rhythm and blues dos anos cinqüenta, levou essas
influências aos extremos em seus experimentalismos tanto musicais quanto
técnicos. Músico apurado, cantor de voz grave, compositor e arranjador,
executava com maestria, guitarras, teclados e percussão, sendo que seu
instrumento mais usado sempre foi a guitarra. Os modelos Gibson e Fender foram
os escolhidos para a execução da maioria de suas obras, notáveis,
principalmente num disco triplo lançado em 1988, um dos últimos trabalhos desse
artista ainda vivo. Quando o disco posterior foi lançado, Zappa já não estava
mais entre nós. É um grande erro tentar classificar sua música e é preciso muito
tempo e cabeça aberta para ouvir e analisar sua imensa obra. Zappa ganhou
prêmios e está no Rock and Roll Hall of Fame merecidamente, pelo grande acervo
que deixou na história da música mundial. O disco que vou indicar, faz parte de
outra coincidência, que logo será entendida. Chama-se Sheik Yerbouti e foi
lançado no ano de 1979. Não se pode falar que é melhor ou pior que qualquer
outro, pois por si, já é único. Como tantos outros, é um disco duplo,
originalmente no formato LP. Disco muito bem produzido e que traz Frank Zappa
num momento de muito humor e sarcasmo, que inclusive lhe rendeu alguns
processos. Religião, política, comportamento humano em críticas bem humoradas
levadas ao extremo são a tônica desse disco, além de uma bela capa e um nome de
duplo sentido, por muitos ignorados até o momento. Mas pra quem não entende a
língua, fica o som de primeiríssima qualidade e uma mistura que leva o ouvinte
a explorar o disco de ponta a ponta descobrindo novas nuances a cada audição e
levando aos que não conhecem seu trabalho a pesquisar sua rica discografia,
altamente recomendável. Zappa faleceu em 1993, pouco antes de completar 53
anos, em virtude de um câncer de próstata. Deixou quatro filhos e uma legião de
fãs da música que certamente romperá este século e ficará pra sempre nos
ouvidos daqueles que experimentaram esse privilégio. Logo abaixo tem um link
pra buscar o disco indicado. No blog tem espaço para comentários e na segunda
parte, as coincidências continuam.
Zé Vicente
http://www.filestube.com/a75126b2f21b87bf03e9,g/Frank-Zappa-sheik-yerbouti-1979.html
FORA DE ORDEM
NA QUADRADA DAS ÁGUAS
PERDIDAS - ELOMAR
Nesta postagem, não por acaso escolhi
o Elomar Figueira Mello para ficar ao lado do outro gênio da música que
indiquei logo acima. As coincidências aparecerão agora. Elomar é uma figura única
não só na música, mas na cultura brasileira. É um baiano misto de sossegado com
inquieto que nasceu na cidade de Vitória da Conquista no dia 21 de dezembro de
1937. Primeira coincidência. À primeira vista não se imagina a erudição desse
grande artista. Ele se formou em arquitetura da Universidade Federal da Bahia,
e felizmente logo descobriu que se daria melhor escrevendo, tocando e cantando.
De família protestante e com influência da cultura Árabe e Ibérica, Elomar
juntou tudo em suas composições de linguagem quase que completamente dialetal,
que aliado à sonoridade, melodias e arranjos de seu violão diferenciado
passaram a retratar a vida dos sertanejos entre a região de Vitória da
Conquista e a Chapada Diamantina, locais onde passou a maior parte de sua vida.
E no final dos anos setenta ele finalmente gravou o primeiro disco, que já dava
uma mostra do que esse velho cantador tinha em sua bagagem. Daí pra cá vieram
mais de uma dezena de outros trabalhos, só que, desde então ele já não estava
mais só. Sempre bem acompanhado em cada disco, Elomar teve ao seu lado figuras
como o maestro Arthur Moreira Lima, músicos ligados ao jazz com Heraldo do
Monte e Paulo Moura, além de cantores do naipe de Geraldo Azevedo, Vital
Farias, Dércio Marques e Xangai, entre outros, que muito contribuíram para que
sua obra fosse melhor difundida, já que
o artista em questão nunca se interessou muito pelo sucesso. Para marcar a
segunda coincidência, indico aqui o seu segundo disco que também foi lançado no
ano de 1979 em formato original LP com o nome de Na Quadrada das Águas
Perdidas. A terceira, o fato de ser um disco duplo também. É uma viagem pelo
universo sertanez, como Elomar costuma se referir ao povo daquela região da
Bahia, de uma beleza ímpar. São belíssimas letras aliadas a melodias misto de
medieval com caipira tiradas das cordas mágicas do violão de Elomar, cuja
afinação dá o tom exato na sonoridade que segue as histórias de cavaleiros,
donzelas e as mais diversas situações de um povo castigado pela seca e pela
pobreza da parte central do nosso imenso país. Ouvir esse disco, é como estar
lendo um livro ou assistindo a um filme, tamanha a riqueza de detalhes e a
linguagem que Elomar coloca em sua
narrativas canções. E esse disco é apenas o segundo. Vale a pena ouvir toda a
sua obra que é riquíssima, tendo inclusive um livro que originalmente seria um
roteiro que é muito interessante chamado Sertanílias, onde Elomar mostra seu
profundo conhecimento do povo e da linguagem de uma civilização tão nossa
quanto estranha ao resto do país. Elomar é genial, sua obra é genial. Acho que
fiz aqui duas indicações bem oportunas. Gênios que nasceram no mesmo dia e que
lançaram discos duplos no mesmo ano com conteúdo de riqueza incomum. É bom
conferir. É bom comentar. É bom conhecer. Siga o link.
Zé Vicente
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