PESSOAL
30 anos sem Adoniran
“Se o senhor não tá lembrado, dá
licença de eu contar”. Hoje, 23 de novembro de 2012, faz 30 anos que o Brasil
perdeu um de seus artistas mais autênticos. Adoniran Barbosa. Filho e
imigrantes italianos, nasceu em
Valinhos, SP no dia 6 de agosto de 1912, foi
batizado com o nome de João Rubinato. O nome que o tornou mundialmente
conhecido nasceu de um programa de rádio onde ele usava o pseudônimo Adoniran
Barbosa e ficou tão conhecido que acabou se confundindo com o criador. A vida
desse grande artista foi muito difícil e ele teve que enfrentar todo tipo de
dificuldade para realizar seu sonho de ser cantor e compositor. Adoniran
exerceu diversas atividades. Teve seu registro de nascimento alterado para
poder trabalhar aos 10 anos de idade e ele enfrentou fábricas e ruas para
conseguir o seu sustento. Quando teve chance de mostrar alguma coisa do seu
lado artístico, encarou o rádio com determinação e com muita insistência
conseguiu ser aceito nesse que era o principal veículo de comunicação na época.
Ele já estava com seus 40 anos de idade mas tinha muita experiência na vida
dura de São Paulo do começo do século XX e com isso, muito material pra colocar
em suas composições e muita história engraçada das desgraças da vida que o
tornou um humorista sem precisar fazer cursos ou esforços e a vida também o
ensinou a ser ator. E essa figura miúda foi cavando seu lugar na história da
música e da arte brasileira. De uma simplicidade comovente, Adoniran nunca teve
vergonha da sua condição de pessoa ingênua e nem teve preocupação com a
gramática em suas letras. Ele sempre quis mostrar o lado cru e humano da vida
das pessoas que o rodeavam e daí saíram
músicas inesquecíveis, comoventes e eternas. Quem não se lembra de “Saudosa
Maloca”, “Iracema”, “Samba do Arnesto” e principalmente “Trem das Onze”? O
mundo conheceu essas músicas e mesmo um pouco tarde o Brasil também se curvou
diante do talento de Adoniran. Muitos gravaram suas músicas, muita homenagem
foi feita, mas ele tinha poucos amigos de verdade e apesar da sua grande
contribuição para a arte do nosso país, morreu pobre aos 72 anos num hospital
qualquer da cidade de São Paulo que ele tanto amou. Uma rua aqui, uma praça ali,
um busto acolá. De vez em quando uma lembrança. Muito pouco. Será muito difícil
alguém, algum dia medir a real grandeza desse que nos fez rir, chorar e se
emocionar com sua simplicidade verdadeira e sua genialidade de cronista de uma
época dura que só quem viveu sabe. Foram poucos discos, poucos filmes, pouco
reconhecimento, mas o pouco que ficou jamais será esquecido. Hoje faço a minha
homenagem particular a Adoniran Barbosa, que, na minha opinião é um dos maiores
exemplos de determinação que um artista pode dar. Seu espírito caminha pelas
ruas da cidade, pelos bares do Bexiga e pelos cortiços da Moóca e do Brás e
sempre irá dormir no Jaçanã.
Zé Vicente
2 comentários:
Obrigado Zezão, por compatilhar isso tudo com nós...por isso acho bom demais ter essa esquina pra bater um papo....
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