20 de jan. de 2013


BECO DA HISTÓRIA
VERÃO DA LATA

 
 

 
 
 
 
 
No final de 1987, o navio cargueiro Solana Star, que partira da Austrália com destino ao Panamá, atravessava o litoral brasileiro transportando cerca de 20.000 mil latas contendo cada uma cerca de 1,5 Kg de maconha prensada. Seus tripulantes foram avisados que a Polícia Federal e a Marinha do Brasil sabiam da carga através de informação vinda do DEA – divisão norte-americana de combate às drogas. Após serem perseguidos pela Marinha, acuados na região de Angra dos Reis a tripulação do Solana Star resolveu “se livrar” da carga, atirando-a ao mar, a uns 160 Km da costa. As latas encontravam-se acondicionadas em cercas de metal, porém a ação da maresia destruiu as cercas fazendo com que quase vinte toneladas de maconha boiassem na superfície do litoral tupiniquim. As ondas se encarregaram de fazer o resto e começaram a trazer recipientes parecidos com latas de leite em pó devidamente abastecidas com erva. As latas se espalharam pelo litoral do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina chegando até o Rio Grande do Sul. O circo estava armado: o Jornal Nacional noticiava o acontecimento, religiosos diziam ser obra do demônio, a polícia atrás das latas e da tripulação do Solana Star e a galera “sedenta” se especializando em resgatar as tais latas do mar. A fama da alta qualidade do produto rapidamente se espalhou dando início a uma busca desenfreada por parte dos interessados e da polícia. Surfistas mergulhavam no mar e voltavam carregando latas e latas recheadas de cannabis.  O assunto virou tema de camisetas, gírias, marchinha de carnaval, combustível para festas, inspiração para músicos (Fausto Fawcett, Fernanda Abreu, entre outros), assunto predileto das manchetes, enfim, o tema do momento.



 

Parte da apreensão realizada pela Polícia Federal

 
 
Mais do produto apreendido
 



Apesar de o navio ter sido autuado, a Polícia Federal somente conseguir recuperar 2.500 latas, ou seja, mais de 16 toneladas do produto “virou fumaça”. A empresa responsável pelo navio Solana Star alegou desconhecer o conteúdo da carga. A embarcação foi apreendida pela Marinha, posteriormente leiloada e convertida em navio pesqueiro, batizado Tunamar, que acabou naufragando em sua viagem inaugural, de Niterói a Santa Catarina, em 11/10/1994, devido à má condição do tempo. A tripulação do Solana desapareceu e o único a ser capturado foi o cozinheiro americano Stephen Skelton, condenado a cumprir vinte anos de prisão no Rio de Janeiro. Aquele verão ficou conhecido como o “Verão da Lata” no Rio de Janeiro e durante muito tempo a boa qualidade de certas substâncias era expressa através do termo “da lata”! Embora existam divergências quanto à exatidão dos fatos, este foi, sem dúvida, um acontecimento único no mundo.




 
O livro “1988 O verão das latas de maconha”
conta a história do processo sofrido pelo cozinheiro do navio
 
 
 
 
Marcelo

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