23 de mar. de 2013

LITERATURA






Efêmero

Então você resolve ser do bem
E isso nem tem a ver com família
Seus pais querem o tempo todo
Que você se alimente direito
Que estude e tenha um emprego
Não importa o curso que você faça
Nem o emprego que você consiga
Ninguém se preocupa com 
Sua cabeça, por exemplo
Que tipo de livro você lê ou,
Que desejos secretos você tem
Sua família não te molda,
Mesmo que nisso você acredite
O caráter vem com você
Vem do útero, num corpo sujo
De dor e placenta
E a convivência te faz pegar hábitos
O que faz meu pai
O que minha mãe aguenta
Em que meus irmãos se parecem
Não comigo, mas com meus pais
E absorvo ou jogo fora
Separo o que interessa
Você aprende é lá fora
Na rua, no meio do povo 
Você vê sofrimento, angústia
Conhece pessoas, situações
E começa a perceber que aí
Começa a perder
Se escolher o lado bom
Consciência, caráter, índole
Doenças do bem
Irão te atrapalhar
Não ficarás rico, nunca serás bonito
Os dias nunca serão seus
Os dias serão curtos, as noites longas
E, só com sorte, haverá o amor
E logo vão te perceber
E irão te procurar, e você, 
Sempre procurará ajudar
E terá esperança de mudar
Mudar pessoas, mudar o mundo
E o tempo passa
E chegam as consequências sobre 
A mente cansada, o corpo cansado
A alma nunca estará lavada
Mas tem um rim prejudicado
Uma úlcera no estômago
Um caroço em algum lugar
Que te fará chorar calado
Nas noites sem fim de solidão
E angústia
E o tempo terá passado
E sua juventude levada
Você não mudou pessoas 
Não mudou o mundo
O mundo te absorveu
E tirou de tí tudo que podia
Enquanto o mal prosperava.

Zé Vicente 


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