CINEMA & VIDEO
SOB A PELE (2014)
Scarlett Johansson realmente faz parte do panteão de
estrelas notáveis do cinema. Isso fica comprovado em ‘Sob a Pele’, seu mais
novo trabalho dirigido pelo ainda iniciante Jonathan Glazer. O filme conta a
história de uma predadora extraterrestre que viaja numa van por locais remotos
da Escócia seduzindo homens andarilhos e solitários que serão aprisionados numa
espécie de dimensão paralela e servirão como alimento. Basicamente este é o
enredo do filme, que não se preocupa em dar maiores explicações sobre a origem
da alienígena e o porquê de sua missão. Quase não há diálogos na película, que
ocorrem somente quando a protagonista seduz as prováveis vítimas que encontra. Quase
não há ação, já que as cenas praticamente seguem um tempo real e em grande
parte desse tempo, a ‘alien’, de forma quase letárgica, somente observa os seres
humanos. Nos momentos finais, ela acaba
desenvolvendo uma certa humanidade ao libertar uma de suas vítimas, ao tentar
provar comida humana, ao iniciar uma relação sexual com um dos seus escolhidos,
que interrompe ao se assustar com a tentativa de penetração e ao sentir medo da
violência de um suposto estuprador. E assim se passam os mais de 100 minutos do
filme. Diversos críticos o elegeram como um filme para poucos, como uma
experiência sensorial, abstrata, existencialista, uma forma inovadora de se
fazer cinema, uma viajem hipnotizante que requer muito mais do espectador do
que ele imagina, uma obra-prima incompreendida. Para mim, e para a plateia do
Festival de Veneza que lhe rendeu uma sonora vaia, fica claro que o chamamento principal
ficou por conta da presença de Scarlett (e de sua nudez total até então inédita
nas telonas), daí considerá-la notável, como dito no início do texto, já que
sua participação tornou viável tão inexplicável projeto. Ponto positivo somente
para a angustiante trilha sonora instrumental, que faz jus ao seu propósito.
Marcelo
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