2 de jul. de 2014


CINEMA & VIDEO

SOB A PELE (2014)
 

 


 
 
Scarlett Johansson realmente faz parte do panteão de estrelas notáveis do cinema. Isso fica comprovado em ‘Sob a Pele’, seu mais novo trabalho dirigido pelo ainda iniciante Jonathan Glazer. O filme conta a história de uma predadora extraterrestre que viaja numa van por locais remotos da Escócia seduzindo homens andarilhos e solitários que serão aprisionados numa espécie de dimensão paralela e servirão como alimento. Basicamente este é o enredo do filme, que não se preocupa em dar maiores explicações sobre a origem da alienígena e o porquê de sua missão. Quase não há diálogos na película, que ocorrem somente quando a protagonista seduz as prováveis vítimas que encontra. Quase não há ação, já que as cenas praticamente seguem um tempo real e em grande parte desse tempo, a ‘alien’, de forma quase letárgica, somente observa os seres humanos.  Nos momentos finais, ela acaba desenvolvendo uma certa humanidade ao libertar uma de suas vítimas, ao tentar provar comida humana, ao iniciar uma relação sexual com um dos seus escolhidos, que interrompe ao se assustar com a tentativa de penetração e ao sentir medo da violência de um suposto estuprador. E assim se passam os mais de 100 minutos do filme. Diversos críticos o elegeram como um filme para poucos, como uma experiência sensorial, abstrata, existencialista, uma forma inovadora de se fazer cinema, uma viajem hipnotizante que requer muito mais do espectador do que ele imagina, uma obra-prima incompreendida. Para mim, e para a plateia do Festival de Veneza que lhe rendeu uma sonora vaia, fica claro que o chamamento principal ficou por conta da presença de Scarlett (e de sua nudez total até então inédita nas telonas), daí considerá-la notável, como dito no início do texto, já que sua participação tornou viável tão inexplicável projeto. Ponto positivo somente para a angustiante trilha sonora instrumental, que faz jus ao seu propósito.


 


Marcelo

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