24 de ago. de 2015

BECO DA HISTÓRIA
A ESTAÇÃO ESPACIAL SKYLAB





Em 1973, a NASA colocou em órbita a estação espacial Skylab, o maior objeto enviado ao espaço pelo homem até então. O projeto previa grandes avanços científicos, principalmente nas áreas da sobrevivência humana no espaço e do estudo aprofundado sobre nossa estrela maior – o Sol. A estação media 36 metros de comprimento, mais de 6 metros de diâmetro e pesava 91 toneladas. Três anos depois o projeto fracassou e em 1979, a Skylab despedaçou-se ao entrar novamente na atmosfera terrestre.
 




Os problemas tiveram início logo no lançamento, quando vibrações não previstas pelos engenheiros provocaram a perda de um dos painéis solares e do escudo que a protegeria contra eventuais impactos de meteoritos. Se não bastasse, o painel perdido danificou o restante, impedindo sua plena abertura e funcionamento durante o período em que permaneceu em órbita. A solução encontrada pela NASA foi reposicionar remotamente a Skylab, buscando um melhor aproveitamento da energia solar. O efeito de tal manobra foi sentido pelos primeiros tripulantes da estação, já que houve um superaquecimento das instalações, ultrapassando os 52 graus, o que obrigou os cientistas há passarem mais tempo buscando soluções e efetuando consertos do que propriamente realizado suas pesquisas. Outras duas missões mal sucedidas foram o suficiente para que a Skylab fosse abandonada em órbita, a aproximadamente 450 quilômetros de altitude, permanecendo no espaço até 1979, ano de sua queda.


 

O esquema acima mostra a estação com os dois painéis solares

Interior da estação



Naquela época, a realidade do mundo não se comparava em nada aos dias atuais, a falta de informações mais precisas por parte de governantes e autoridades e a quase total ignorância relativa a assuntos que envolvessem o tema fizeram com que a notícia da queda da Skylab tomasse proporções consideráveis, principalmente depois de serem divulgadas as probabilidades de seus destroços atingirem cidades (chance de uma em sete) e pessoas (uma em  pouco mais de cento e cinquenta). Muitos passaram a temer que os restos da estação proporcionassem uma catástrofe sem precedentes, alguns chegando, inclusive, a acreditarem na extinção da raça humana. Finalmente, em 11 de julho de 1979, a Skylab desmanchou-se na atmosfera e seus destroços caíram sobre o oceano Índico e áreas desabitadas da Austrália. O pesadelo chegava ao fim!


 


A estação fotografada no espaço

 



Como saldo, ficou constatado que mais de 60% das experiências que seriam feitas na Skylab não se realizaram, contudo, cerca de 300 experimentos foram bem sucedidos em aproximadamente 2.000 horas de trabalho. Foram registradas mais de 120 mil imagens do Sol e mais de 40 mil da Terra, além de uma extensa produção de filmes. A Skylab orbitou a Terra 2.476 vezes nos 171 dias em que esteve em missão e mesmo não atingindo plenamente os objetivos traçados, de forma quase folclórica, entrou para a história.

 


Esperance Municipal Museum, na Austrália

Acima e abaixo partes da Skylab que caíram na Austrália





Abaixo, um trecho do bem-humorado texto “A Noite do Skylab”, do escritor Tarcísio Pereira, que pode ser lido na íntegra no link: 


“...Lá vinha o Skylab descendo, numa velocidade de milhões de anos-luz. Eu não tinha ideia do que significava “milhões de anos-luz”, mas todos diziam isto e eu só imaginava uma enorme velocidade. Meu pai morava em São Paulo naquele tempo, o que me deixava ainda mais preocupado:
– Será que o Skylab vai destruir São Paulo?
– Claro que vai, não escapa nada. Mas ouvi dizer que vai começar pelo Rio de Janeiro.
Cedo, à noitinha, todas as igrejas rezaram missas, um padre convocado para cada capela, e o povo rezando de mãos dadas, pedindo para o mundo não se acabar ou, então, no caso de se acabar mesmo, que fossem todos para o céu. Na Rua João Pessoa, por volta das 10 horas, outra corrente se fez, e uma vizinha gritou assim:
– Eu vou para casa e me esconder debaixo da saia de Santo Antônio...”
 

Marcelo

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