BECO DA HISTÓRIA
OS SUBTERRÂNEOS DE EDIMBURGO
Edimburgo, capital da Escócia, é um dos pontos turísticos
mais famosos do Reino Unido. No final do
século XVIII era uma cidade em expansão e duas importantes pontes foram
construídas para facilitar seu crescimento. Uma delas, a South Bridge,
finalizada em 1785, possuía 19 grandes arcos em pedra e parte de suas fundações
formava um extenso labirinto de câmaras e túneis subterrâneos. A região da ponte
tornou-se um importante centro comercial e suas catacumbas passaram a ser utilizadas
como oficinas, cofres e depósitos pelos comerciantes. Contudo, as fundações da
ponte apresentavam uma infiltração incontrolável e logo as câmaras foram
abandonadas. Começava, então, um novo capítulo na história da ponte: seus
túneis transformaram-se em abrigo para andarilhos, imigrantes desempregados,
vagabundos, ladrões, prostitutas e jogadores, transformando-se num verdadeiro
cortiço, mal iluminado ou totalmente escuro, úmido e fétido. As condições eram
absolutamente desumanas: não havia água, saneamento, luz natural ou ar puro,
além do frio intenso.
Esquema que mostra a estrutura da ponte |
Os assassinos de South Bridge |
Mesmo nessas condições, a população nos subterrâneos era
consideravelmente grande, assim como a taxa de mortalidade. Se tais condições
não bastassem, crimes começaram a ocorrer nos subterrâneos da ponte. Naquele período,
era comum restos mortais de indigentes e desafortunados servirem para o estudo
da medicina e logo o tráfico de corpos se instalou em South Bridge. Traficantes
utilizavam suas catacumbas para esconder corpos roubados do cemitério próximo e
assassinos em série vitimavam moradores da ponte com a finalidade de os
venderem para cirurgiões e estudantes locais. O caso mais famoso de tais atrocidades
envolveu os irlandeses William Burke e William Hare, acusados de assassinarem
16 pessoas (a grande maioria mulheres) e venderem seus corpos para o médico
Robert Knox que os utilizavam como material para dissecação em suas palestras. A
onda de assassinatos de Burke e Hare durou cerca de dez meses.
O esqueleto e a máscara mortuária de William Burke |
Após a prisão dos assassinos, as provas dos crimes se
mostraram frágeis em relação a Hare, que foi expulso de Edimburgo em 1829,
sendo avistado pela última vez na Grã-Bretanha. Já William Burke foi condenado
à morte e enforcado em 28 de janeiro de 1829, em frente a uma multidão de 25
mil pessoas, aproximadamente. Seu corpo foi dissecado publicamente e hoje seu
esqueleto e sua máscara mortuária estão expostos no Museu de Anatomia da
Faculdade de Medicina de Edimburgo. Não se sabe ao certo quando o complexo de
catacumbas foi fechado, estima-se que teria sido entre 1835 e 1875. Em alguns
pontos foram despejadas toneladas de entulhos e cascalhos, tornando-os
inacessíveis. Somente a partir de 1988 as catacumbas tornaram-se parte do itinerário
turístico da cidade, hoje visitadas não só por interessados na história do
local, mas também por espiritualistas à procura de fantasmas daquele período.
Marcelo
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